Entenda tudo sobre como as células fazem o controle muscular

Pesquisadores suecos descobrem novos fatores que podem influenciar pesquisas de doenças motoras como ELA e AME.

Uma das principais funções do corpo é o controle muscular, que permite que os seres vivos façam diversos tipos de movimentos relacionados com a sobrevivência, locomoção e outros.

A ciência tem investido em pesquisas que permitam compreender melhor como funciona o controle dos músculos, o que tem o potencial de contribuir no tratamento de doenças que envolvam essas limitações, como a Atrofia Muscular Espinhal (AME) e a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Conheça a seguir quais são os tipos de controle muscular e o que as pesquisas recentes falam sobre o controle dos movimentos promovido pelas células nervosas.

Tipos de controle muscular

O controle da musculatura é realizado pelo sistema nervoso, sendo que a precisão de cada movimento pode ser maior ou menor de acordo com a quantidade de unidades motoras (motoneurônio e fibras musculares) envolvida na ação.

Os movimentos podem ser divididos em três tipos: voluntário, automático e involuntário. Conheça melhor cada uma deles a seguir!

fonte: pinterest

Movimento voluntário

São os casos nos quais o movimento é completamente planejado pelo sistema nervoso central, reunindo as etapas de planejamento, tático e execução.

O início dele começa na zona pré-motora, que planeja a ação e a envia para o córtex sensório-motor, seguindo para o tálamo, e, seguida para os núcleos da base, posteriormente para a medula, de onde parte para o músculo, via motoneurônio, iniciando a contração muscular.

No cerebelo há uma junção da ação pretendida e realizada, de forma que o córtex sensório-motor consegue corrigir o movimento para ele fique mais perfeito.

Em pacientes com lesão cerebelar, que pode ser identificada por meio de uma ressonância magnética, há a perda dessa capacidade de correção dos movimentos.

Movimento automático

São os movimentos que já foram aperfeiçoados e que funcionam a partir da área motora, pois já são realizados sem a necessidade de planejamento. Quando estamos aprendendo uma nova ação ela é voluntária, posteriormente, quando dominadas, elas passam a ser consideradas automáticas, como caminhar, falar ou escrever nos adultos.

Movimento involuntário

São os movimentos que, diferentemente dos outros dois que exigem controle cortical, são realizados em nível medular. São os chamados reflexos, nos quais o indivíduo não planeja antes de realizar a ação.

Como as células controlam os músculos?

Além desse conhecimento já consolidado sobre o controle muscular, novos estudos são realizados com o objetivo de aperfeiçoar o que se sabe sobre como as células fazem o controle dos músculos, sendo que uma pesquisa inédita, de 2018, foi realizada por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia.

O estudo realizado utilizando peixe-zebra como cobaias foi publicado na revista PNAS e demonstrou que esses animais possuem um contato entre neurônios e músculos que é mais dinâmico do que se acreditava até então.

Para os pesquisadores, essa pesquisa e outras da mesma natureza podem influenciar a descoberta de novas possibilidades para tratar lesões da medula e de algumas doenças neurológicas.

A mobilidade é uma capacidade determinante na sobrevivência animal e resulta da uma interação que ocorre entre cérebro e músculos. O local no qual ocorre a união entre os neurônios motores e as células musculares é conhecido como junção neuromuscular.

Nesse ponto de contato, chamado de sinapse, os neurônios transferem determinadas substâncias que logo em seguida são absorvidas pelas células musculares resultando na contração muscular.

Até então, esse processo era conhecido na Medicina como relativamente simples, especialmente em vertebrados adultos, sendo que o neurotransmissor mais relevante desse processo, como já era sabido, é a molécula acetilcolina.

Apesar dessas informações, pouco se tinha conhecimento sobre como essa comunicação entre neurônios e células acontecia, principalmente considerando a resposta dessas estruturas em casos de danos ou alterações.

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Avanços da pesquisa científica

É justamente nesse aspecto que o estudo realizado pelos pesquisadores suecos avança, pois ele foi capaz de mostrar que se trata de um sistema mais complexo e dinâmico do que se acreditava até então.

De acordo com os profissionais do Departamento de Neurociência do Instituto, as pesquisas realizadas nos peixes-zebra, comumentemente usados nessa área de estudo, demonstraram que a função das sinapses neuromusculares pode mudar de acordo com determinadas condições e doenças.

Comprovou-se que algumas mudanças, como intensificação da atividade física ou danos na medula espinhal, fazem com que alguns neurônios motores em adultos parem de produzir acetilcolina para produzir outro neurotransmissor – o glutamato. Essa mudança permitiria um melhore controle muscular.  

A alteração da comunicação entre os neurônios motores e os músculos pode resultar em doenças motoras graves, como a doença neuromuscular miastenia gravis, o que torna necessário que mais pesquisas sobre a junção neuromuscular sejam realizadas.

Com um conhecimento mais detalhado sobre a produção dos neurotransmissores os pesquisadores acreditam que terão mais subsídios para investigar, e talvez desenvolver tratamentos, as doenças que causam a redução da transmissão neuromuscular, uma vez que permitira restaurar a função do sistema nervoso.

Os estágios iniciais de doenças musculares citadas anteriormente, como a AME e a ELA, podem ter relação com a junção neuromuscular, o que faz com que avanços nessas pesquisas sejam determinantes para melhores tratamentos para os pacientes que sofrem dessas condições.

Controle muscular é tema de diversas pesquisas em andamento devido à gravidade das doenças envolvendo essa questão, sendo importante que exames de imagem sejam realizados caso o paciente sinta qualquer alteração, podendo iniciar o tratamento precocemente e melhorar o prognóstico.

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